Origem

Existem algumas hipóteses levantadas para o surgimento da raça de cães conhecida hoje como Ovelheiro Gaúcho, raça essa que foi reconhecida pela Confederação Brasileira de Cinofilia apenas no ano de 2000. Essas hipóteses se baseiam em análise de características físicas, morfológicas e comportamentais de algumas outras raças que teoricamente tiveram parcela de contribuição na origem do processo de seleção, assim como também o contexto histórico provável na época do surgimento. 

A hipótese mais provável é que o Ovelheiro Gaúcho descende de cães da região do pampa, trazidos por colonizadores europeus, alguns sem raça definida (SRD), e também de cães descendes das raças Serra-da-Estrela, Collies (do antigo type), Pastor Alemão e Border Collies (modernos). Entretanto, ainda não existe consenso entre os criadores sobre essa teoria e as raças que realmente tiveram parcela de contribuição na formação. Ou seja, outras raças também podem ser citadas ou suprimidas dessa teoria.

A base genética mais antiga da raça seria o cão da Serra-da-Estrela (de origem portuguesa), que teria chegado aos campos gaúchos pouco após o Tratado de Madrid e a consequente Guerra Guaranítica, oque historicamente seria bastante provável, já que várias características físicas encontradas nos ovelheiros gaúchos não comuns apenas aos Serra-da-Estrela.

Acredita-se que partir da demarcação da fronteira entre Portugal e Espanha no Rio Grande do Sul, houve um grande aumento na procura por terras, e com a paz, começou de fato a criação do gado em larga escala. Nesse momento, para auxiliar os camponeses de origem portuguesa na lida com os rebanhos, teria chegado aos campos do Pampa essa raça forte e rústica. 

Nota: Existe resistência de aceitação sobre a contribuição do Serra-da-Estrela, uma vez que são raros os registros históricos comprobatórios dessa raça no Rio Grande do Sul, ou então os que se supõe existir são minimamente significativos. Também porque morfologicamente o Serra-da-Estrela é uma raça com características molossóides (como ossatura pesada, orelhas hound, ergot e pelagem tigrada, majoritariamente típicas do Grupo 02 FCI, conforme definição internacional das raças), que em nada tem a ver com os cães do type Collie de pastoreio (Grupo 01 FCI). 

Serra-da-Estrela é uma raça muito antiga, porém hoje, no Brasil, são raros os criadores dessa raça. Nas últimas duas décadas existe, no sistema CBKC de exposições, registros de participação de apenas dois exemplares.

Posteriormente os antigos cães do type Collie (de origem escocesa), teriam chegado com os colonizadores europeus no século XIX, quando os campos gaúchos foram sendo enriquecidos cada vez mais com animais de fazenda. Este tipo de cães teria sido importado pelos estancieiros com intuito de "modernizar" as técnicas de manejo com os rebanhos em suas propriedades. Deles os Ovelheiros herdaram várias características, tais como os padrões de pelagem com a “coleira” branca, as colorações dos genes sable, tan e merle, os formatos das orelhas, bem como o focinho mais afinado, além da excelente aptidão no pastoreio de rebanhos.

Nota: Cabe ressaltar que dentro do type collie, existem várias raças, e a hipótese mais aceita entre os especialistas seria pela contribuição da raça mais antiga, a Old-Time Scotch Collie (que atualmente, pela FCI, encontra-se extinta). Sendo que o type moderno (os Rough Collies), selecionados para exposições, não teriam parcela de contribuição. 

Collie é um type (tipo) de cão que remete aos primórdios da cinofilia, e até hoje são muito populares. Sendo que os antigos Collies Escoceses foram os mais destacados, pois contribuíram geneticamente na origem de muitas outras raças desse type, dentre elas o Rough Collie, Smooth Collie, Border Collie, Bearded Collie, Scotch Collie, Australian Shepherd, Australian Koolie, Shetland Sheepdog (Mini Collie) e agora por último, o  nosso Ovelheiro Gaúcho (que seria a versão brasileira desse type Collie).

Para aumentar a combatividade dos ovelheiros perante o gado de corte e para que não fossem mortos por cães de outras raças, peões por volta da década de 1920 teriam (hipoteticamente) cruzado seus ovelheiros com cães da raça Pastor Alemão (de origem germânica). Uma das características notáveis do temperamento herdado do pastor alemão foi a habilidade fazer "alarme" e também latir ao pastorear.

Nota:  Muitos criadores acreditam que o Pastor Alemão, por ser uma raça com chegada ao Brasil relativamente recente, e também porque apresentam algumas características morfológicas de combate e ferocidade, podem ter tido uma parcela de contribuição bastante pequena, ou mínima, na formação do Ovelheiro Gaúcho.

O Pastor Alemão é uma das raças mais populares do Brasil, que inclusive possui o CBPA (Clube Brasileiro do Pastor Alemão), um dos clubes de raça mais bem organizados da cinofilia nacional, registrando inúmeros exemplares, promovendo exposições importantes e competições funcionais em várias modalidades.  

E por último, a excelente habilidade de pastoreio do Border Collie (de origem britânica), principalmente com rebanho de ovinos, teria chamado à atenção de alguns pecuaristas, e foi a partir da chegada deles ao Rio Grande do Sul, na década de 1950, juntamente com uma importação de um rebanho de ovelhas da raça ‘Merino’, da Austrália, para o município de Uruguaiana-RS e posteriormente para Pelotas-RS, que o Border Collie foi introduzido na região do pampa gaúcho. 

Nota: Essa também é uma hipótese pouco aceita entre os criadores, uma vez que os registros históricos de importação da raça Border Collie são recentes, subentendendo que o Ovelheiro Gaúcho já existia anteriormente e que não houve então contribuição genética descendente do Border Collie.

Com certeza a raça pastora (grupo 01) mais famosa no mundo. Existem muitos criadores no Brasil e competições funcionais de pastoreio e agility bastante acirradas, oque aumentou, e muito, o nível genético de seleção dessa raça nas últimas décadas.   

O que podemos concluir é que, independente da raça que hipoteticamente contribuiu para a formação dos atuais ovelheiros, todas sofreram uma seleção genética na mão do homem, nesse caso, porque os peões gaúchos sempre buscavam os cães com maior aptidão para o pastoreio de bovinos e ovinos, sendo assim, os mais aptos tiveram melhores condições de procriar, porque seus filhotes eram mais procurados por outros peões, e os melhores machos pastores eram procurados para cobrir boas fêmeas pastoras. Com esta seleção artificial para pastoreio e miscigenação de raças feita nos campos gaúchos, em pouco tempo surgia essa nova raça, o Ovelheiro Gaúcho, com fenótipo e temperamento mais adaptado ao clima sulino e mais adequado as necessidades dos peões locais, mas conservando a excelente aptidão para o pastoreio de rebanhos herdado das outras raças. 

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